quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dilema

És um dilema que não consigo resolver.
Pensei que te teria na simplicidade de uma simples noite e que terminaria aí o meu desejo por ti.
Mexes com a minha cabeça,  com a minha imaginação e com todas as hormonas do meu corpo…
Seria muito interessante não te desejar.
Combinas com as ambições que os outros apelidam de sonhos e agarras em armas tal como eu…
Da-me a mão. Caminha comigo....
Só preciso de uma única noite e desisto depois de te ter, de te beijar, de te tocar ... só para ter o privilégio de estar contigo sem medos.
Sim, temos tantas coisas para fazer.
Tanto a acontecer... e o meu corpo a uma distância incrível...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Peças de Xadrez


Um jogo de xadrez. 
Os teus contra os meus olhos a debaterem-se sobre as peças do tabuleiro. 
Movimentações pensadas. Risco mínimo. 
Cada jogada leva demasiado tempo… a fome adensa-se o desejo é insuportável. 
Quando declaro xeque há sempre um movimento que ainda é possível…. uma peça que foi esquecida. E o tabuleiro ainda está demasiado cheio de opções e peças por mover...
Não quero parar de jogar, não quero deixar de ver-te do outro lado do jogo com esse sorriso sarcástico e esses olhos cravados em mim... lendo-me... desconstruindo-me...
No esforço hercúleo de te tentar prever vejo a única estratégia demasiado arriscada...  

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Filmes e hollywood

Vou partir numa aventura.
Reencontrar a vida numa viagem que desejo alucinante. Viver no desconhecido. 
Viver o que conheço dos filmes e de hollywood.
A ansiedade não me deixa dormir. Não dormir não me deixa pensar. 
A adrenalina pulsa e corre livre nas veias: anseio pelo dia de amanhã.
Desejo que o que é aparentemente complicado seja simples. 
Que o que é difícil se torne fácil. 
Parto numa viagem sem destino, sem planos, com uma mala parca, pequena e leve como sempre desejei fazer: levo-me a mim e ao indispensável. Cada objecto foi cuidadosamente pensado e estudado e privilegiaram-se as multi-opções.
De mala atrás. De cabeça livre. De espírito de aventura. De peito aberto... 
Quero viver. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ódio

Odeio-te. 
Com toda a força do meu ser e toda a capacidade de um ser humano odiar outro.
Roí todo o verniz das unhas enquanto aguentava a dor e me concentrava para aguentar o sofrimento. 
Doeu-me a alma numa mágoa sem palavras. 
Nunca o desprezo foi tão forte. Nunca as palaras "não quero saber" tiveram tanto significado. 
Viraste-me as costas enquanto te rendias na luta por mim. E o pior é que não tenho mais que culpar...  
Carreguei toda a noite o peso da esperança de ver o sol nascer contigo mas tudo se apagou com as luzes da cidade. 
Sinto o teu cheiro e a memória... ser tão ridiculamente infantil faz-me ter pena de mim própria enquanto sinto o quanto posso ser idiota... 
Sentir o toque da loucura numa noite sem fim e sem promessas e saber que hoje é dia de inconsciência e liberdade.  
Vi o sol nascer sobre a cidade no miradouro e agradeço a idiotice... imagens sem mácula vão agora ficar na memória duma noite que terminou frustrante de ódio e raiva no limite do que é capaz o ser humano...  

sábado, 16 de junho de 2012

Sedenta

Preciso de me alimentar. Estou sedenta.
Nos meus olhos apaga-se a cor de fogo...estou a esmorecer. 
A energia está no limite e o meu corpo grita "battery low".
Falta-me a motivação para me mover e continuar e a debilidade tem a força de um tornado. 
Toda a actuação é involuntária e inconsciente excepto quando passo a linha que me separa da demência. 
Tentei ganhar a guerra contra um inimigo real: a tua resistência. 
Já não sei se ganhei pela minha teimosia ou pela tua. 
Já não sei se perdi por estar tão debilitada ou porque tu foste mais forte.
Estou exausta. 
Já não consigo pensar. 
Sei que o sono não me fará recuperar. 
O predador precisa de uma presa...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Anagrama absurdo de sentidos

Múltiplos de hipóteses. 
Múltiplos de escolhas... e todas elas consequentes.
Catálise. 
Mudança de velocidade da reacção química na adição do oxigiénio consumido. 
Quedo-me sem saber ao certo qual o catalisador que acelera a reação dos teus olhos fitos nos meus na possibilidade de fazer devastar uma montanha inteira em minutos.... 
Desconsiderar o que se passa nas moléculas que viajam no espaço que partilhamos e que aumenta e diminui demasiadas vezes. 
Escolher ignorar o que é impossível passar despercebido.
Desaparecer do raio da tua existência para ver-te apenas passar impalpável na mesma cidade que habito e fechar os olhos quando estou perto de ti... 
"Porque gosto dos teus olhos... e não quero deixar de os ter em cima de mim." 
Baixar as armas e deixar consumir o fogo que queima iluminando a noite e deixa no ar centelhas que podem incendiar algo mais perigoso e consequente... 
Um anagrama absurdo de sentidos em vez de palavras...
Verdades. Possibilidades. Variáveis demasiado mutáveis.
Realidades que se alteram em trinta minutos banais de metamorfose...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Game over

Acabam-se as palavras... 
Desvaneceste-te no espaço e decido que deixes de habitar a minha vida. 
Vou guardar as memórias numa prateleira como já tantas vezes fiz. 
Acaba-se o tempo.
Acaba-se a dívida. 
Acaba-se o jogo.
O que não foi vivido nunca mais o será. 
Ainda tenho o poder de controlar o meu espaço. 
Rendo-me. Dou-me por vencida. Ganhaste o jogo!... mas perdeste-me a mim. 
Ao fim e ao cabo, ambos sabíamos que isto iria acontecer... 

Viver. Esquecer.

Tão doce o silêncio. 
Um cérebro adormecido, um corpo danificado, a mente toldada pelo excesso. 
O discernimento evaporou-se na perniciosidade da loucura e da inconsequência. 
Traços de memória, laivos de palavras, frases soltas sem significado.
O desfecho sempre foi previsível. O dano sempre foi consciente. 
Os pés galgaram caminhos tortuosos mas a resignação era adquirida. Não importa. 
No momento nada importa e com as consequências lidar-se-à mais tarde.
Fica uma sensação de balão de hélio a rebentar com o cérebro e a consumir a memória.
Há coisas que são apenas para ser vividas. Não para serem lembradas. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O outro lado dos Santos

Lisboa abanou por mais uma noite. 
Os Santos Populares têm uma capacidade extraordinária de trazer gente à rua e de colocar o povo em alvoroço a abusar da noite de Santo António. 
Demasiada gente invadiu as ruas. Demasiados carros entraram na Cidade. Demasiado álcool foi consumido. 
As ruas cheiravam a urina e não havia wc em lado nenhum. Paguei 0,50€ para entrar numa antiga casa Lisboeta, que tinha apenas uma divisão, para conseguir usar uma casa de banho. A tinta saltava da parede e a decoração remontava aos anos 70 e deliciei-me ao invadir assim um mundo que me era desconhecido. A fotografia da mãe e naperon a decorarem a sala/quarto e a antiga frigideira de latão pousada no fogão. 
Os negócios aconteciam a cada canto, com razões e proveitos diferentes: bebida, comida, drogas. Nesta noite tudo se vende e tudo se compra. Os preços foram sendo inflacionados ao longo da noite e à medida que diminuía a oferta. Qualquer canto, qualquer pátio, qualquer janela eram bons lugares para acrescentar alguns trocos ao rendimento mensal.  
O mar de gente que empurrava para a frente e para trás adensou-se a meio da noite e pensei que era esmagada. As pessoas empurravam-se, acotovelavam-se e insultavam-se tentando romper por entre os impacientes bêbedos e os semi-conscientes.  
O lixo abundava por todo o lado e amontoava-se debaixo dos pés causando ainda mais instabilidade na deslocação por entre a multidão. 
A noite começou a ficar perigosa...
No final da noite precisei de descer da Sé, ir até ao Cais do Sodré e subir ao Príncipe Real para apanhar um táxi: em cada praça as filas tinham dezenas de pessoas. Foram 3 km a subir Lisboa que percorri, já exausta, às 5 da manhã. 
A Cidade parecia que apenas àquela hora estava a começar a adormecer... e eu já tinha passado à muito o limite da lucidez.