sábado, 14 de abril de 2012

Alucinação

Sinto o vermute escorregar-me na garganta e encontrar um estômago vazio. Sinto-me tonta... vacilante...
Quero dominar o tempo. Quero albergar o mundo. Quero viver sem amanhã. Quero experimentar a loucura. Quero não querer saber. 
Olho pela varanda e o chão parece tão longe e o céu parece tão perto. 
Abandono o corpo e transformo-me: hoje sou poderosa, hoje sou dona de mim. 
Visto a nudez com que nasci e deslizo num movimento felino pelos espaços escondidos do vosso olhar. Sou uma sombra, um sopro, uma miragem. 
Não estou aqui mas todos me conhecem das fantasias que desde sempre tiveram.
Sou aquela que todos desejam. Sou a morte e a vida. Sou a inocência e a sensualidade. 
Sou feita da mesma matéria da fantasia, da mesma inexistência dos sonhos. 
Sou como o álcool: volátil mas consequente. 

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