quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quebra de valores

Sinto na pele a tristeza que sinto pelo mundo que habita à minha volta.
Chamam-me de louca quando me mexo por um amigo, não são capazes de fazer um simples sinal com a mão quando faço manobras difíceis só para facilitar a passagem a alguém na estrada e não compreendem as responsabilidades que assumo perante os outros.
É um mundo pouco são onde me isolo gradualmente para evitar sofrer com a estupidez dos outros.
A educação, a cordialidade, a compreensão e tolerância são valores que se perdem no dia a dia... Demorámos séculos a construir valores e códigos de boa educação e depois é sempre mais fácil quebrar a corrente.
Abro a porta do centro comercial e passam 100 pessoas sem que nenhuma me diga para avançar e me segure a porta a mim, quando não levo com ela na cara porque as pessoas nunca olham para trás....
Posso ver o sinal passar a vermelho 2 vezes mas como tenho que ceder prioridade ninguém repara que estou ali há 5 minutos à espera... acabo por ter que me meter e levo uma apitadela...
Cada comportamento que temos influencia a atitude de outros. 
Porque vivemos em sociedade e porque não estamos sozinhos no mundo acho que seria sensato começarmos a olhar a 360º em vez de o foco ser como as palas dos burros: apenas em frente...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Nos céus de Lisboa

Um balão voou no alto dos céus de Lisboa.
Levou com ele os sonhos...os meus e os de muitos.
A rua parou e nenhum ser vivo ficou indiferente à beleza do equilíbrio, da luz e do fogo.
Lembrarei o dia em que a meu lado parte do grupo dos seres mais importantes da minha vida fitavam o céu e perseguiam a ambição com o olhar.
A excitação tomou conta de todos nós... a alegria e os sorrisos contagiaram-nos.
Acho que nestes momentos percebemos o quanto da vida vale a pena.
Sei hoje que um balão voou sobre Lisboa e levou para os céus uma esperança infinita no futuro... 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Morte

O que se diz quando alguém deixa de habitar esta terra?
O que se faz quando o sopro de uma vida se esvai e desaparece do espaço que partilhamos?
Não sei o que fazer.
Não sei o que dizer.
Dói saber que as minhas palavras nunca mais serão ouvidas ou percebidas.
Que tudo ficou por fazer e por dizer.
Consola-me o dia em que te peguei na mão e te disse "Sou demasiado igual a ti, mas vou tentar conrrigir os nossos defeitos."
Neste momento compreendo porque é mais fácil acreditar que as pessoas quando morrem vão para um lugar melhor. É reconfortante saber que não se extinguiram apenas e que olham por nós num sítio qualquer do Universo.
Vejo uma alma a abandonar esta terra e a atingir a liberdade. Uma liberdade inexistente há demasiado tempo. Sei que agora a dor é apenas nossa, esse é o conforto que preciso.
Queria ter as palavras certas mas não consigo.
Queria saber o que fazer e os meus músculos não respondem  a nenhum estímulo.
Os meus olhos não fitam o horizonte porque o meu cérebro está no passado a recordar... e o sofrimento é atroz.
Não sei lidar com a morte mas talvez também não saiba lidar com a vida.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Violência

Sentir é violento.
Quando algo me atinge como um vendaval é dífícil controlar cada segundo.
Aguentar.
Manter-me quieta quando outro é o desejo. Olhar...fitar...ficar sossegada.
Manter uma distância desnecessária... um espaço que não desejo.
A violência vive no controlo. Vive no medo. Vive na incógnita da reacção.
O coração acelera em silêncio. Nada no meu rosto ou no meu peito consegue traduzir o que se passa nas profundezas das minhas veias.
A respiração adensa-se e deixo que pequenos toques não sejam demasiado óbvios, demasiado expressivos.
A violência dos sentimentos provoca um cansaço imenso e não desejado.
Curiosamente é o mais doce e suportável dos cansaços.