Estou completamente embriagada.
Normalmente costuma ser uma coisa boa, ou então uma metáfora de algo dito de positivo ou fofo ... mas não: estou embriagada de raiva e ódio.
Toda a tarde engoli em seco quando o vómito me chegava à boca e quase me saía pelas narinas: não suporto ouvir vozes de quem vive na estratosfera e não conhece o mundo real porque vive numa realidade à parte.
"Quem é você para falar assim, ainda por cima com idade para ser minha filha?"
Falo assim porque palmilho as pedras da calçada todos os dias, porque assisto aos problemas daqueles que me procuram em busca de auxílio e oiço as suas preocupações e ansiedades. Porque sei que o que preocupa é apenas deixar rebentar as asas e voar sozinha.
Irrita-me. Enervam-me as senhoras que se vestem de luxo da ponta das unhas às plantas dos pés mas que depois não sentem o chão que pisam. Enerva-me que a minha voz não seja ouvida porque sou muito nova e porque qualquer pessoa naquela sala cheia de políticos e de actores da praça pública tenham o dobro da minha idade. Se a minha experiência ( por mais pequena que seja ao menos eu sujei as mãos) não serve de nada, então os vossos euros são dinheiro deitado na sanita. E AINDA ME PERGUNTAM PORQUE É QUE O PAÍS ESTÁ COMO ESTÁ!
RAIVA, RAIVA, RAIVA! GRRRRRRRRRHHHHHHHHHHH
Enfio a cabeça na almofada e peço a Deus que deixe de doer. Dói-me a estupidez e a ignorância. Dói-me que sejam estas as pessoas com poder sobre a vida dos outros.
Eu já me senti assim. Depois decidi ir ver como são os ares lá fora e passou. É que, porra, descobri que só tenho uma vida. Vale a pena vivê-la sem limites.
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