O mundo parece estranho quando a vida entra em stand-by.
É uma sensação estranha como se o tempo parasse e tudo à nossa volta estagnasse...
O início: curiosidade.
O desenrolar: desespero.
O que fazer quando parece que a vida cobra tudo de uma vez?
Quando as coisas que nos mantêm presos ao chão desaparecem, como se a gravidade se esfumasse.
Os sonhos são voláteis. A vida é um momento.
Arrancaram-me o chão, as paredes e o tecto.
Não sobrou nada.
Fecho os olhos e volto atrás no tempo.
Volto àquele momento, àquele momento exacto em que tudo fazia sentido.
Pairam sobre mim as sombras da inexistência.
Paira sobre mim o vazio e nele o vácuo.
Os músculos faciais parecem estar atraídos pelo centro da terra. Pareço constantemente triste.
Arrancaram-me vida.
Arrancaram-me sonhos.
Mas a verdade é que ninguém mos tirou.
A verdade é que me de deixei levar por mim própria.
A vida esbofeteou-me.
Não foi só uma vez. Foram várias. Uma e outra vez. Sim, sim, sim....
Mereço? Não faço ideia, se calhar sim.
Mas dói, porra, dói.
Abdiquei do mais puro dos sons para o infinito.
Infligi só um pouco mais de dor em mim própria.
Chega a um ponto em que parece que mereço.
Quero voltar a ser eu.
E hoje pareço uma versão decrépita de mim própria.
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