Acordo e olho o caos à minha volta. Tudo está confuso. Não encontro nada. Que raiva. Quero voltar para a cama. Caso fosse homem e os tempos não fossem estes seria executada. Não sendo homem e estando em tempos destes sou apenas mais uma mulher a tentar impor-se num mundo de homens.
Fala-se em igualdade mas não acredito nela. Aos olhos da geração anterior sou arrogante porque trabalho sem hora de fim e porque lido com o poder como quem está entre iguais: sem medo. Luto mais que um homem teria que lutar, esforço-me mais. Mas sou mulher, sou um bicho esquisito que antigamente era tratada como demente uma vez por mês. Aparentemente não tenho direito de lutar e deixar a arrumação para trás, não tenho o direito de crescer lá fora, porque o SUPOSTO é que seja uma fada do lar.
Queimo sempre os tachos, deixo a comida apodrecer, nunca me lembro de por a roupa a lavar.
Olho para o meu ninho caótico e só tenho duas opções. E nenhuma delas me agrada.
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