sexta-feira, 26 de julho de 2013

Morte ao coração

Procurei por ele e não encontrei. 
Procurei porque senti uma dor imensa e não encontrava a origem. 
A pele perdeu a cor. 
O sono tornou-se profundo. 
As necessidades desapareceram. 
Mas a dor, aquela dor que me trucida a alma, que bloqueia o ar e que me faz perder o controlo continuava em mim.
Lunática, louca e possuída rasguei o peito, escarafunchei as entranhas, afastei a papa de sangue e os órgãos todos mas o coração tinha desaparecido. 
Fiquei sem saber o que fazer: o meu órgão principal não estava onde devia e tinha deixado o cérebro no comando. 
Quedei-me na ignorância de uma solução enquanto o relógio continuava a tictaquear e o mundo acumulava problemas à volta de um corpo esventrado, ensaguentado, de uns lábios sem cor e expressão e de uns olhos vidrados. 
Boneca de trapos, talvez. 
Mas ensaguentada.
E de repente.. o nada. Tão almejado, tão desejado mas tão mal vindo.
E num suicídio já várias vezes ameaçado finalmente percebi: o meu coração morreu.