quinta-feira, 11 de abril de 2013

Dívida

A liberdade vem sempre com um preço. 
É como fazer um pacto com o diabo: o arrependimento mata. 
Sair de casa para se conhecer o mundo. 
Sentir saudade e querer voltar. Nada restar porém... 
E num momento, num simples momento, olhar em volta e o vazio e o silêncio serem a única coisa que resta... e no lugar que se recorda encantado não restar nada.

domingo, 7 de abril de 2013

Indiferença

Ansiei por um sorriso enquanto o carro deslizava no asfalto. Excesso de velocidade talvez, mas a vontade de chegar tinha mais razões além das óbvias.
O sorriso não chegou. 
Do fundo de uma sala fantástica povoada de amigos vivos e objectos estáticos cumpri a minha função e senti o orgulho.
Ao meu lado um semblante fechado e silencioso. 
Uma falta de relevância da minha pessoa fez-me encolher e sentir pequenina.
Uma falha na minha postura denunciou o que as minhas palavras verbalizaram. 
Posso culpar o sono e o cansaço mas na verdade terei sempre que ser objetiva e não deixar o novelo da minha cabeça dar a justificação que me faria feliz. 
Baixar a guarda num momento puro de medo. Explicar-te o sentido do que muitas vezes pode não ser percebido e ouvir o teu desinteresse numa frase que espelha a tua indiferença: " O que dizes não me causa trauma". 


 

Era uma vez

Era uma vez uma noite de Cinderela.
A alegria consumia os corpos dos que nos rodeavam e mesmo à distância conseguia ter-te comigo. 
Era uma vez um local surreal.
E as pessoas cantaram, sorriram e falaram enquanto o alcool dilatava as veias nos nossos corpos. 
Era uma vez o meu local favorito. 
Entrando e saindo nada aconteceu.
Era uma vez um miradouro mágico.
Alguém gritou que era um local romântico e sentada na pedra fria conseguia estar à altura dos teus olhos. Mas na verdade as palavras que te saiam dos lábios nada tinham de romântico e, apesar de duras, convenho que foram bem vindas.
Era uma vez uma irritação fingida. 
E dedos malandros acariciaram a minha mão num pedido de desculpas dissimulado.
Era uma vez uma despedida arrastada.
E o cumprimento que foi dado foi apenas uma expressão física de uma alma que dizia "fica comigo" .

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Serendipity

Interrogo-me... 

Porque é que as palavras nunca se esgotam? 
Pensar no motivo pelo qual tudo flui e a alegria me consome. 
Histórias atrás de pensamentos. 
Traços de personalidade atrás de teorizações.
Tudo na minha noite foi paz e serenidade. Tudo foi um conforto imenso.
Senti um único mimo, um único toque....mas raios soube-me pela vida.
Querer prolongar sempre mais um segundo e o sono e o cansaço a mandarem-me abaixo.
Não queria ter saído debaixo dos teus olhos. Não queria que o teu cheiro se tivesse dissipado à medida que me afastava para cumprir a dolorosa tarefa de te deixar sem saber quando me cruzarei contigo outra vez. 
E na minha cara um formigueiro no rasto da tua mão.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Tempestade

Notas soltas inundam-me e sinto um aperto brutal. 
Novelos e gavetas vazias, risos e jogos de força. 
A chuva que nem por nada nos larga e insiste em marcar presença. 

A média luz a esconder a cor dos teus olhos e confidências enroladas em segredos que não queria partilhar. Mas tu vergaste-me. Tu ou essa capacidade de me fazeres sentir tão bem.A escuridão reconfortou-me e uma paz electrizante deixou-me ser mulher. 

Um raio que parece cair a meio metro de nós e perceber que até a natureza entende o que se passa no espaço vazio que fica entre mim e ti. 
Parar não foi mais que querer roubar tempo ao tempo. 
A teimosia não foi mais que deliciar-me a ver uns olhos a fecharem-se num nano-segundo no meio de uma ruidosa tempestade.  E o novelo tomou conta de mim quando agradeci o cinto a bloquear-me o movimento e a impedir-me de destruir uma comemoração quase perfeita quando tudo me puxava para ti.
Os relâmpagos rasgaram os céus num fogo de artifício privado. A brutalidade emocionante da natureza decidiu tomar conta da festa.
E por mais novelos e interligações, há coisas que são invisíveis aos olhos...