sábado, 15 de dezembro de 2012

Shooting star

Uma estrela cadente rasgou o céu. 
Estou do outro lado do mundo e olho para cima numa cidade imensa.
A estrela passa e sinto o coração a acelerar enquanto nos lábios rebenta um sorriso.
Nas últimas horas ouvi muito e aprendi muito.
Nas últimas horas fui a força, a ambição, a esperança no futuro. 
Neste momento tenho um desejo a pedir... Penso e repenso e percebo que no coração me pulsa a garra de tudo conseguir. Sinto que desejos são apenas objetivos e se quiser muito chego lá.
Sinto-me em casa. Sinto-me na minha bolha.
Tudo aparenta ser perfeito e percebo agora que este foi o desejo que pedi e que se realizou: ter a oportunidade de aprender e trabalhar muito porque os desejos, esses, realizam-se sempre por consequência. 

* E como alguém me disse há muito, trago em mim uma shooting star. 

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Uma espécie de partida



Queria falar mas não quiseste ouvir.
Gosto de ti.
Adoro o teu sorriso enrolado na tua voz. O teu olhar doce e a capacidade de alternares entre o lobo e o carneiro conseguindo sempre ter contigo o melhor de dois mundos.  
A tua doçura faz-me perder a razão e nada é tão terno quanto a tua cabeça no meu peito a pedir mimo.
Extraio de ti uma felicidade estranha e deliciosa enquanto te sinto constantemente a criares em mim euforia.
Chorei numa tarde de domingo enroscada no teu colo, não por sofrer por outra pessoa, mas por ter tomado a consciência de que me apaixonei por ti. Retraí-me e entristeci nos últimos tempos ... tornei-me mágoa e máquina porque a tua conversa passou a ter um único tema. Bati com as portas porque a raiva de saber que não a esquecias toldou-me os sentidos. Teres-me tão cruelmente dito que não gostavas de mim enraiveceu-me.  
Gosto de ti. 
Tão certa quanto perdidamente, tu és quem me arrebatou o peito e me vergou a vontade de não querer ninguém para partilhar a minha vida.
Quero-te. Quero-te muito, pelo teu sorriso de anjo e pelo teu olhar de demónio, pela  inteligência e cultura muito pouco modestas e pelo coração tão impermeável quanto frágil. 
Vim para longe... 
Esta viajem não poderia ter um efeito mais útil: longe da vista ficarás também longe do coração. Tentarei deixar os sentimentos do outro lado do mundo numa Baía do Pacifico, só para ter a certeza que o mar não os trará de volta. 
Apaixonei-me por ti... e queria que soubesses o quanto te desejo. 
Mas preciso de esquecer-te pelo quanto te quero.



sábado, 1 de dezembro de 2012

Crueza

Cru. 
Não é crueldade, é a ausência dela. 
Deixo-me seguir. Deixo-me falar. Oiço-te. 
O corpo vai gelando e aquecendo intermitentemente consoante os goles de vinho. 
Com o frio os pensamentos tornam-se mais fortes e menos consequentes. 
A lucidez é mantida à conta do masoquismo.
Amo a cumplicidade e a confiança conseguidas na honestidade de palavras que saem sem premeditação.  
Adoro pessoas complexas. Não gosto de situações complexas.
É tão bom porque é tão simples. 
No games. No bullshit.  


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Hospital de Almas

Há coisas na vida que são bonitas: ser um saco de pancada é uma delas.
Estar sempre disponível e ser atenciosa quando sou precisa. 
Ser material descartável quando não sou.
Um mundo ruiu à minha porta e apanhei todos os cacos. Uma, duas, três vezes.
Apanho os cacos de corações destruídos, de espíritos em sofrimento. Absorvo as dores e permito sempre que a minha existência seja um refúgio. Presentei-os com o sossego ou a alegria, uma boa refeição ou simplesmente um mimo. Sou a força, o suporte, a amizade, a loucura, o divertimento, o riso. 
Apanho os cacos que outros criaram. A mim ninguém me apanha.
Se calhar não tenho simplesmente alma e o meu coração está morto e não sei. 
Definitivamente acho que vou criar um hospital de almas. Ao menos assim recebo algo em troca.   







terça-feira, 23 de outubro de 2012

Elegibilidade

Não sou elegível. 
As coisas mudam de sítio sem eu lhes tocar.
"Não és elegível."
Todo o tempo passa violentamente pelo meu corpo.
"Não te posso manter."
E as árvores ficam sem folhas. 
Durmo numa semi-consciência de sobressalto. 
Há uma mosca perto de mim. Quero matá-la.
Oiço um zumbido constante. Morre estúpida!
Os carros passam na rua. O comboio abranda nos carris. 
De repente o tempo pára. 
Olho de fora para um mundo que já foi meu e percebo que revisito coisas desaparecidas. 
Sonho com coisas perdidas. Um relógio, um anel, um momento. 
No fundo do poço cai um pirilampo. Uma luz ténue que na escuridão impenetrável se torna holofote. 
Imersa em auto-comiseração sinto-me a passar a uma forma imberbe. 
Amorfa os meus olhos pousados no nada fitam apenas um círculo de luz demasiado distante. 
Morre mosca. Deixa-me em silêncio. 
 

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Honestidade

A chuva lembrou-se de aparecer sem ser convidada.
Um arrepio na espinha. Desta vez de frio. 
Os vidros embaciaram. Eu estava quente e estava frio.
De um chá quente que nunca viu o negro da noite a mais uma injecção de álcool.
Um objectivo mais que perfeitamente alinhado. 
Crueza. O conforto da objectividade e da verdade. Um ambiente completamente controlado pela franqueza.
A honestidade a rolar do sofá para o chão. As limitações: humanas. 
Vazio. Um delicioso nada de perdição.
E no tapete a marca de dois canalhas. 

domingo, 21 de outubro de 2012

Personagens

Olho-me ao espelho. 
Escolho a personagem. 
Hoje os meus olhos estreitam-se. O meu corpo está direito. 
Hoje quero ser a malícia. Amanhã serei a doçura.
O preto e o branco. O preto ou o branco. 
Sinto o sangue acelerar nas veias e vejo-me a mudar. 
A alvura da pele a acentuar-se no contraste espartilhado do negro que escolho para me dar forma e se entrelaça na renda que me molda e cria uma extensão até aos Pumps. 
Vejo-me ao espelho e sinto-me imensa. 

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Contradição

Sinto no corpo um cansaço extremo e na alma uma excitação tremenda...
No outro lado da vida, no outro lado do muro vou encontrar a paz e a felicidade que almejo.
Pensar que cada dia é uma tentativa estúpida e repetida de controlo destrói-me... pensar na vida como uma limitação desconstrói todos os princípios por mim perfilhados e seguidos.
Não quero manter tanto controlo sobre as coisas.
Não quero ter que pensar em variáveis infinitas para cada decisão que desejo tomar.
Como me posso sentir tão forte e tão fraca ao mesmo tempo? Tão capaz e tão limitada na minha actuação...
Pensar, sentir, descansar, decidir... o caos tornou-se aleatório... contradição.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Felicidade

Há coisas na vida que sabem tão bem...
Muitas vezes não presto atenção suficiente aos momentos diários que me fazem feliz. Muitas vezes estou cega perdida nos meus pensamentos e os meus olhos olham mas não vêem. O sorriso de um bébé, um café com os amigos, uma flor que brota à porta de casa.
Até uma tarde não planeada na praia a rir com desconhecidos ou uma viajem que me permite parar um pouco...
Acho que me esforço demasiado em colocar a minha felicidade nas mãos de grandes feitos quando posso ser tão mais feliz no dia a dia... na essência das pequenas coisas.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Quebra de valores

Sinto na pele a tristeza que sinto pelo mundo que habita à minha volta.
Chamam-me de louca quando me mexo por um amigo, não são capazes de fazer um simples sinal com a mão quando faço manobras difíceis só para facilitar a passagem a alguém na estrada e não compreendem as responsabilidades que assumo perante os outros.
É um mundo pouco são onde me isolo gradualmente para evitar sofrer com a estupidez dos outros.
A educação, a cordialidade, a compreensão e tolerância são valores que se perdem no dia a dia... Demorámos séculos a construir valores e códigos de boa educação e depois é sempre mais fácil quebrar a corrente.
Abro a porta do centro comercial e passam 100 pessoas sem que nenhuma me diga para avançar e me segure a porta a mim, quando não levo com ela na cara porque as pessoas nunca olham para trás....
Posso ver o sinal passar a vermelho 2 vezes mas como tenho que ceder prioridade ninguém repara que estou ali há 5 minutos à espera... acabo por ter que me meter e levo uma apitadela...
Cada comportamento que temos influencia a atitude de outros. 
Porque vivemos em sociedade e porque não estamos sozinhos no mundo acho que seria sensato começarmos a olhar a 360º em vez de o foco ser como as palas dos burros: apenas em frente...

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Nos céus de Lisboa

Um balão voou no alto dos céus de Lisboa.
Levou com ele os sonhos...os meus e os de muitos.
A rua parou e nenhum ser vivo ficou indiferente à beleza do equilíbrio, da luz e do fogo.
Lembrarei o dia em que a meu lado parte do grupo dos seres mais importantes da minha vida fitavam o céu e perseguiam a ambição com o olhar.
A excitação tomou conta de todos nós... a alegria e os sorrisos contagiaram-nos.
Acho que nestes momentos percebemos o quanto da vida vale a pena.
Sei hoje que um balão voou sobre Lisboa e levou para os céus uma esperança infinita no futuro... 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Morte

O que se diz quando alguém deixa de habitar esta terra?
O que se faz quando o sopro de uma vida se esvai e desaparece do espaço que partilhamos?
Não sei o que fazer.
Não sei o que dizer.
Dói saber que as minhas palavras nunca mais serão ouvidas ou percebidas.
Que tudo ficou por fazer e por dizer.
Consola-me o dia em que te peguei na mão e te disse "Sou demasiado igual a ti, mas vou tentar conrrigir os nossos defeitos."
Neste momento compreendo porque é mais fácil acreditar que as pessoas quando morrem vão para um lugar melhor. É reconfortante saber que não se extinguiram apenas e que olham por nós num sítio qualquer do Universo.
Vejo uma alma a abandonar esta terra e a atingir a liberdade. Uma liberdade inexistente há demasiado tempo. Sei que agora a dor é apenas nossa, esse é o conforto que preciso.
Queria ter as palavras certas mas não consigo.
Queria saber o que fazer e os meus músculos não respondem  a nenhum estímulo.
Os meus olhos não fitam o horizonte porque o meu cérebro está no passado a recordar... e o sofrimento é atroz.
Não sei lidar com a morte mas talvez também não saiba lidar com a vida.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Violência

Sentir é violento.
Quando algo me atinge como um vendaval é dífícil controlar cada segundo.
Aguentar.
Manter-me quieta quando outro é o desejo. Olhar...fitar...ficar sossegada.
Manter uma distância desnecessária... um espaço que não desejo.
A violência vive no controlo. Vive no medo. Vive na incógnita da reacção.
O coração acelera em silêncio. Nada no meu rosto ou no meu peito consegue traduzir o que se passa nas profundezas das minhas veias.
A respiração adensa-se e deixo que pequenos toques não sejam demasiado óbvios, demasiado expressivos.
A violência dos sentimentos provoca um cansaço imenso e não desejado.
Curiosamente é o mais doce e suportável dos cansaços.

domingo, 29 de julho de 2012

Vício da própria criação

Força.
Uma mente capaz do impossível, um corpo que vai além dos limites da resistência. 
Uma voz sem som guia-me pelo cansaço, pela exaustão, pela ausência de suporte básico de vida... 
Olho-me no espelho e não me reconheço... os olhos parecem perdidos numa palidez cadavérica, a roupa começa a pedir mais corpo e o cabelo perdeu a forma...
Mas o coração, esse, bate com uma força nunca vista! 
O sangue corre e galga nas veias como se não houvesse amanhã e o cérebro acede e processa informação a uma velocidade inédita! ...
Tudo é possível, tudo é alcançável.... 
A ambição, a garra, a voluntad  têm um efeito narcótico nos espíritos mais permeáveis ao vício: o vício da própria criação.

sábado, 28 de julho de 2012

Agora o Sonho

Tenho agora o sonho...
Os meus dias têm a forma que lhes atribuo. A vida tem o sentido que só eu entendo.
Olho para trás e penso no que ficou pelo caminho... sofro. Mas não era eu.  Diminuí, encolhi de tamanho. A culpa foi minha por pensar que seria possível ser normal.
A normalidade tolda-nos o espírito, corrompe a mente.
Hoje, a liberdade.
Hoje a decisão, a inicitiva. Sou dona de mim, do tempo, da vida.
Vivo o sonho de milhares de pessoas nesta terra e sinto-me grata por ter tido a vontade, a força de avançar.
Shooting the stars! Here I am!
Hoje a vida tem uma velocidade alucinante e o tempo, esse, nunca chega para nada. 
Há demasiados caminhos que não estão percorridos, demasiados trilhos por percorrer.
Agarro com toda a força a oportunidade que me foi dada de ser dona do meu próprio destino e agradeço a dor que foi ter nascido de novo.
Na verdade,  eu só precisava de uma tempestade que me abalasse para ter o pretexto de recomeçar.
"After the storm, comes the rainbow"

Prazer dos sentidos

Ficou-me nos lábios um sabor desconhecido. 
Uma doçura desesperante, uma suavidade inesperada e voluptuosa.
Para além do tempo e distância... um sabor a um mundo novo e desconhecido.
 Um toque de uma sensualidade brutal e irresistível...
Perdidos para a loucura, perdidos para a insubordinação... tudo é desculpável na ausência da maldade.
Um vício partilhado.
Um lugar apagado.
Um conforto planeado.
O calor da noite Lisboeta apagou dois corpos que na loucura se desejavam até à dor de uma consumpção errática e impossível. 

Perfeição

Encontrei-te no meio da multidão... 
Por entre milhares de seres humanos que palmilhavam as ruas destaca-se um ser vivo.
O movimento enlevado de um olhar e os passos que se perderam enrolados pela calçada trouxe um sorriso de uma ingenuidade deliciosa. 
O calor de um corpo desconhecido enquanto me reconforto com o toque da inocência. 
A doçura de uma alma devota à genialidade.
Apercebi-me que cada pedaço de humanidade que é detido nessa alternativa de pessoa encontra-se subliminar na tua existência.
A perfeição não existe no mundo. Mas a perfeição é percepcionada subjectivamente.
Tenho olhado vezes sem conta. Nunca te tinha visto.

Negro e Luz

Saio para a noite. 
As ligas deslizaram pelas minhas pernas acima e escondem-se debaixo de um vestido curto e apertado. 
O peito espreita  no meio do meu cabelo deixado à solta e natural...
Os olhos brilham como nunca. Negro e luz no mesmo olhar de ansiedade...
Os lábios tornaram-se vermelho sangue e mostram-se agora gulosos pelo prazer que uma noite como a de hoje pode trazer...  
Saio para uma rua deserta aguardando-te no meio da multidão... 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Explosão

Sinto na pele o desejo a tomar conta de mim.
Um estado de loucura pela impossibilidade física de te ter e a demência a tomar conta de ti e de mim…
Sinto em cada palavra o que é querer-te, em cada reticência o que é desejares-me.
Carnal. Psicótico.
Este cruzamento ocasional em que partilhamos pequenos pedaços de tempo tornou-se uma praga.
Não posso fechar os olhos que a imagem repete-se na escuridão: o teu corpo e o meu a debaterem-se na nudez da sede de poder numa luta pela satisfação da carne…
Assim que os meus olhos pousam em ti a minha boca é consumida pela tua e o meu corpo projetado de encontro à parede mais próxima e esmagado pelo teu. Na penumbra um vestido cai aos meus pés e dois corpos colam-se forçando as pélvis uma contra a outra numa antevisão de um movimento compulsivo e determinado. As mãos tocam na maciez de um seio que descansava na linha limite do decote. Um peito rosado, suave, macio…
A linha das costas é definida e duas mãos encontram o final das costas com deleite… As pernas vacilam em cima dos saltos altos que apenas servem para igualar alturas e que colocam dois olhares e duas bocas mais próximas…
Uma mão escorrega e perde-se como um dedilhar que faz gemer o violino… um pedaço de vida inanimado torna-se agora opulento e impossível de esconder noutro lugar que não aquele que se apresenta, ansioso, na sua frente.
Explosão. Demasiado rápido, demasiado pouco.
A incapacidade de projectar qualquer tipo de satisfação preocupa-me…
Será sempre insuficiente.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Arrepio

Fecho os olhos e sinto-te aqui. 
Na magia de uma mão contra o meu corpo e da tua boca a consumir a minha. 
Soltam-se os átomos que nos compõem e tudo se mistura na suavidade de uma noite enlevada e de um desejo sombrio.
Tocas-me e as minhas costas arqueiam-se perante o teu toque… todos os músculos do meu corpo respondem.  O meu peito contra o teu a arrepiar-se... e o ar a desaparecer e a tornar a respiração demasiado ofegante. 

Não resisto e desejo-te em cada centímetro da minha pele.
Há um sinal quando dois suspiros são simultâneos e nos quedamos juntos. 

Sinto o calor que emanas e preenches-me.... Proteges-me... Acalentas-me....
A minha cabeça no teu peito...
Uma noite que acorda e volta a dormir vezes sem conta enquanto nos consumimos num desejo que se estendeu demasiadamente no tempo....

sábado, 7 de julho de 2012

Rocket Stars

Milhares de batalhas por travar juntos.
Lado a lado, amigos ou amantes...

Um pacto de ambição no silêncio das estrelas.
Vi um sorriso novo no mesmo lugar onde te havia desejado um dia há demasiado tempo atrás e surgiu em mim algo parecido com esperança. 

Senti naquele instante que tinha encontrado o meu reflexo e que não estava sozinha na conquista do mundo. 
Uma ambição partilhada por duas Rocket Stars num pedacinho de mundo que desejamos mudar.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Bluff

Colocámos as cartas em cima da mesa.
Abrimos o jogo e revelámos os segredos que ansiávamos partilhar.
Confusão, em contradição… um engano consciente.
De um lado a cortesia, do outro a covardia e no outro o medo.
Demasiado tempo em cada um dos lados e não consigo decidir em qual acreditar…
Processo frases soltas…“gosto de ti”…“somos demasiado parecidos”…
O risco é demasiado grande para ser manuseado quando o que circula é lava incandescente do mais profundo dos oceanos. 

O risco, aquele que amamos, é aqui a chave que tanto fecha como abre uma porta. 
O que está do outro lado é demasiado óbvio, e com a evidência  o medo.
Mantenho-me forte e nesta batalha quero arriscar tudo.
Sei que não vou perder…
Não me apaixonarei por ti...

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dilema

És um dilema que não consigo resolver.
Pensei que te teria na simplicidade de uma simples noite e que terminaria aí o meu desejo por ti.
Mexes com a minha cabeça,  com a minha imaginação e com todas as hormonas do meu corpo…
Seria muito interessante não te desejar.
Combinas com as ambições que os outros apelidam de sonhos e agarras em armas tal como eu…
Da-me a mão. Caminha comigo....
Só preciso de uma única noite e desisto depois de te ter, de te beijar, de te tocar ... só para ter o privilégio de estar contigo sem medos.
Sim, temos tantas coisas para fazer.
Tanto a acontecer... e o meu corpo a uma distância incrível...

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Peças de Xadrez


Um jogo de xadrez. 
Os teus contra os meus olhos a debaterem-se sobre as peças do tabuleiro. 
Movimentações pensadas. Risco mínimo. 
Cada jogada leva demasiado tempo… a fome adensa-se o desejo é insuportável. 
Quando declaro xeque há sempre um movimento que ainda é possível…. uma peça que foi esquecida. E o tabuleiro ainda está demasiado cheio de opções e peças por mover...
Não quero parar de jogar, não quero deixar de ver-te do outro lado do jogo com esse sorriso sarcástico e esses olhos cravados em mim... lendo-me... desconstruindo-me...
No esforço hercúleo de te tentar prever vejo a única estratégia demasiado arriscada...  

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Filmes e hollywood

Vou partir numa aventura.
Reencontrar a vida numa viagem que desejo alucinante. Viver no desconhecido. 
Viver o que conheço dos filmes e de hollywood.
A ansiedade não me deixa dormir. Não dormir não me deixa pensar. 
A adrenalina pulsa e corre livre nas veias: anseio pelo dia de amanhã.
Desejo que o que é aparentemente complicado seja simples. 
Que o que é difícil se torne fácil. 
Parto numa viagem sem destino, sem planos, com uma mala parca, pequena e leve como sempre desejei fazer: levo-me a mim e ao indispensável. Cada objecto foi cuidadosamente pensado e estudado e privilegiaram-se as multi-opções.
De mala atrás. De cabeça livre. De espírito de aventura. De peito aberto... 
Quero viver. 

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Ódio

Odeio-te. 
Com toda a força do meu ser e toda a capacidade de um ser humano odiar outro.
Roí todo o verniz das unhas enquanto aguentava a dor e me concentrava para aguentar o sofrimento. 
Doeu-me a alma numa mágoa sem palavras. 
Nunca o desprezo foi tão forte. Nunca as palaras "não quero saber" tiveram tanto significado. 
Viraste-me as costas enquanto te rendias na luta por mim. E o pior é que não tenho mais que culpar...  
Carreguei toda a noite o peso da esperança de ver o sol nascer contigo mas tudo se apagou com as luzes da cidade. 
Sinto o teu cheiro e a memória... ser tão ridiculamente infantil faz-me ter pena de mim própria enquanto sinto o quanto posso ser idiota... 
Sentir o toque da loucura numa noite sem fim e sem promessas e saber que hoje é dia de inconsciência e liberdade.  
Vi o sol nascer sobre a cidade no miradouro e agradeço a idiotice... imagens sem mácula vão agora ficar na memória duma noite que terminou frustrante de ódio e raiva no limite do que é capaz o ser humano...  

sábado, 16 de junho de 2012

Sedenta

Preciso de me alimentar. Estou sedenta.
Nos meus olhos apaga-se a cor de fogo...estou a esmorecer. 
A energia está no limite e o meu corpo grita "battery low".
Falta-me a motivação para me mover e continuar e a debilidade tem a força de um tornado. 
Toda a actuação é involuntária e inconsciente excepto quando passo a linha que me separa da demência. 
Tentei ganhar a guerra contra um inimigo real: a tua resistência. 
Já não sei se ganhei pela minha teimosia ou pela tua. 
Já não sei se perdi por estar tão debilitada ou porque tu foste mais forte.
Estou exausta. 
Já não consigo pensar. 
Sei que o sono não me fará recuperar. 
O predador precisa de uma presa...

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Anagrama absurdo de sentidos

Múltiplos de hipóteses. 
Múltiplos de escolhas... e todas elas consequentes.
Catálise. 
Mudança de velocidade da reacção química na adição do oxigiénio consumido. 
Quedo-me sem saber ao certo qual o catalisador que acelera a reação dos teus olhos fitos nos meus na possibilidade de fazer devastar uma montanha inteira em minutos.... 
Desconsiderar o que se passa nas moléculas que viajam no espaço que partilhamos e que aumenta e diminui demasiadas vezes. 
Escolher ignorar o que é impossível passar despercebido.
Desaparecer do raio da tua existência para ver-te apenas passar impalpável na mesma cidade que habito e fechar os olhos quando estou perto de ti... 
"Porque gosto dos teus olhos... e não quero deixar de os ter em cima de mim." 
Baixar as armas e deixar consumir o fogo que queima iluminando a noite e deixa no ar centelhas que podem incendiar algo mais perigoso e consequente... 
Um anagrama absurdo de sentidos em vez de palavras...
Verdades. Possibilidades. Variáveis demasiado mutáveis.
Realidades que se alteram em trinta minutos banais de metamorfose...

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Game over

Acabam-se as palavras... 
Desvaneceste-te no espaço e decido que deixes de habitar a minha vida. 
Vou guardar as memórias numa prateleira como já tantas vezes fiz. 
Acaba-se o tempo.
Acaba-se a dívida. 
Acaba-se o jogo.
O que não foi vivido nunca mais o será. 
Ainda tenho o poder de controlar o meu espaço. 
Rendo-me. Dou-me por vencida. Ganhaste o jogo!... mas perdeste-me a mim. 
Ao fim e ao cabo, ambos sabíamos que isto iria acontecer... 

Viver. Esquecer.

Tão doce o silêncio. 
Um cérebro adormecido, um corpo danificado, a mente toldada pelo excesso. 
O discernimento evaporou-se na perniciosidade da loucura e da inconsequência. 
Traços de memória, laivos de palavras, frases soltas sem significado.
O desfecho sempre foi previsível. O dano sempre foi consciente. 
Os pés galgaram caminhos tortuosos mas a resignação era adquirida. Não importa. 
No momento nada importa e com as consequências lidar-se-à mais tarde.
Fica uma sensação de balão de hélio a rebentar com o cérebro e a consumir a memória.
Há coisas que são apenas para ser vividas. Não para serem lembradas. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

O outro lado dos Santos

Lisboa abanou por mais uma noite. 
Os Santos Populares têm uma capacidade extraordinária de trazer gente à rua e de colocar o povo em alvoroço a abusar da noite de Santo António. 
Demasiada gente invadiu as ruas. Demasiados carros entraram na Cidade. Demasiado álcool foi consumido. 
As ruas cheiravam a urina e não havia wc em lado nenhum. Paguei 0,50€ para entrar numa antiga casa Lisboeta, que tinha apenas uma divisão, para conseguir usar uma casa de banho. A tinta saltava da parede e a decoração remontava aos anos 70 e deliciei-me ao invadir assim um mundo que me era desconhecido. A fotografia da mãe e naperon a decorarem a sala/quarto e a antiga frigideira de latão pousada no fogão. 
Os negócios aconteciam a cada canto, com razões e proveitos diferentes: bebida, comida, drogas. Nesta noite tudo se vende e tudo se compra. Os preços foram sendo inflacionados ao longo da noite e à medida que diminuía a oferta. Qualquer canto, qualquer pátio, qualquer janela eram bons lugares para acrescentar alguns trocos ao rendimento mensal.  
O mar de gente que empurrava para a frente e para trás adensou-se a meio da noite e pensei que era esmagada. As pessoas empurravam-se, acotovelavam-se e insultavam-se tentando romper por entre os impacientes bêbedos e os semi-conscientes.  
O lixo abundava por todo o lado e amontoava-se debaixo dos pés causando ainda mais instabilidade na deslocação por entre a multidão. 
A noite começou a ficar perigosa...
No final da noite precisei de descer da Sé, ir até ao Cais do Sodré e subir ao Príncipe Real para apanhar um táxi: em cada praça as filas tinham dezenas de pessoas. Foram 3 km a subir Lisboa que percorri, já exausta, às 5 da manhã. 
A Cidade parecia que apenas àquela hora estava a começar a adormecer... e eu já tinha passado à muito o limite da lucidez. 




segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ferraris e Lamborghinis

Todos os homens desejam Ferraris e Lamborghinis ( quem diz estes fala em todos os outros do mesmo género).
Querem a luxúria do carro, a potência e a velocidade. Amam o Design, a cor, o brilho. 
Adoram o risco, a adrenalina, a pressão. 
Anseiam pelo Status e adoram exibir o seu instrumento. 
Quando passam pelos outros carros sentem-se maiores e mais poderosos. Sentem-se Deuses. 
O único problema é que há carros que não são para qualquer homem: é preciso destreza para os conduzir. 
É preciso dar-lhes atenção, dedicar-lhes tempo. Tratar bem de cada peça e cada encaixe. 
Depois, a condução não é igual a todos os outros carros: pé no acelerador e mão no volante não é suficiente. 
O problema é que todos os homens sonham em ter um Ferrari, ou um Lamborghini ou um Aston Martin, mas a verdade é que a maioria não saberá como controlar o carro, não saberá retirar dele todas as potencialidades, não saberá como fazê-lo responder exactamente como sonhou quando as rodas deslizam sobre os asfalto a 250km/h. 
Todos os homens sonham ter um carro destes.
Nem 10% conseguem aproveitar as funcionalidades da máquina a 100%. 
90% vivem frustrados pelo mau investimento quando é a eles próprios que falta a destreza para conduzir. 
O exemplo do carro é igual ao das mulheres. 

sábado, 14 de abril de 2012

Alucinação

Sinto o vermute escorregar-me na garganta e encontrar um estômago vazio. Sinto-me tonta... vacilante...
Quero dominar o tempo. Quero albergar o mundo. Quero viver sem amanhã. Quero experimentar a loucura. Quero não querer saber. 
Olho pela varanda e o chão parece tão longe e o céu parece tão perto. 
Abandono o corpo e transformo-me: hoje sou poderosa, hoje sou dona de mim. 
Visto a nudez com que nasci e deslizo num movimento felino pelos espaços escondidos do vosso olhar. Sou uma sombra, um sopro, uma miragem. 
Não estou aqui mas todos me conhecem das fantasias que desde sempre tiveram.
Sou aquela que todos desejam. Sou a morte e a vida. Sou a inocência e a sensualidade. 
Sou feita da mesma matéria da fantasia, da mesma inexistência dos sonhos. 
Sou como o álcool: volátil mas consequente. 

Cinza

O mundo está quieto e o ar acinzentado. Podia dizer que a culpa é do tempo mas não é só... 
O fumo do cigarro dispersa-se ao sair da minha boca e irrita-me os olhos. Sinto o vazio que inunda cada um dos espaços que me rodeiam. 
O tempo parece que parou. Não consigo pensar porque pensar implica alguma actividade e a única coisa que realmente quero é dormir. Dormir e viver realidades que não esta. Sonhar com mundos paralelos onde faço o que realmente quero.
Apago. Apago o que fisicamente posso e o que psicologicamente me apetece.
Tudo parece estanho. Tudo está ausente da minha vida.
Quietude. Silêncio. 
Uma paz que não desejo...

sexta-feira, 16 de março de 2012

Adrenalino-cafeína

A adrenalina inunda-me. Sinto que tenho cafeína a correr-me nas veias e o mundo fica cinzento. O tempo deixou de existir. Deixou de fazer sentido. Pareço viciada no sucesso. Estou viciada na perfeição. 
A esquizofrenia, o desdobramento de personalidade, as personagens múltiplas de cada dia. 
Nem sei se isto é medicamente saudável... mas também não importa. 
Sinto o coração a acelerar a cada nova ideia. Sinto o cérebro a explodir quando preciso de dormir. 
É uma espécie de metamorfose em que a carapaça passa a ser de titânio. Nem eu sabia que tinha tanta vontade, tanta força e tanta energia. 
Anseio pelo momento em que irei descansar, em que irei sossegar. 
Só espero que não dure muito: não quero deixar de ser viciada. 

segunda-feira, 5 de março de 2012

Embriaguez

Estou completamente embriagada. 

Normalmente costuma ser uma coisa boa, ou então uma metáfora de algo dito de positivo ou fofo ... mas não: estou embriagada de raiva e ódio. 
Toda a tarde engoli em seco quando o vómito me chegava à boca e quase me saía pelas narinas: não suporto ouvir vozes de quem vive na estratosfera e não conhece o mundo real porque vive numa realidade à parte.

"Quem é você para falar assim, ainda por cima com idade para ser minha filha?" 
Falo assim porque palmilho as pedras da calçada todos os dias, porque assisto aos problemas daqueles que me procuram em busca de auxílio e oiço as suas preocupações e ansiedades. Porque sei que o que preocupa é apenas deixar rebentar as asas e voar sozinha.
Irrita-me. Enervam-me as senhoras que se vestem de luxo da ponta das unhas às plantas dos pés mas que depois não sentem o chão que pisam. Enerva-me que a minha voz não seja ouvida porque sou muito nova e porque qualquer pessoa naquela sala cheia de políticos e de actores da praça pública tenham o dobro da minha idade. Se a minha experiência ( por mais pequena que seja ao menos eu sujei as mãos) não serve de nada, então os vossos euros são dinheiro deitado na sanita. E AINDA ME PERGUNTAM PORQUE É QUE O PAÍS ESTÁ COMO ESTÁ! 

RAIVA, RAIVA, RAIVA! GRRRRRRRRRHHHHHHHHHHH

Enfio a cabeça na almofada e peço a Deus que deixe de doer. Dói-me a estupidez e a ignorância. Dói-me que sejam estas as pessoas com poder sobre a vida dos outros. 

quinta-feira, 1 de março de 2012

Estado de stress

7 da manhã e acordo sem querer. Irrito-me com as coisas que me bloqueiam o caminho à minha volta. Estou chateada, queria dormir mais uma hora.
O meu cérebro acorda-me: não foi por minha vontade que me levantei mas o lado esquerdo lembrou-me da imensidade de coisas por fazer. A responsabilidade não é um peso, é uma peste. Ou uma sanguessuga que se cola e que me relembra sempre que está ali. Não deixo de ser livre! O problema é que uma liberdade condicionada não é liberdade.
Hoje tudo me atrofia e incomoda. Pressinto que o dia vai ser complicado: já estou nervosa e acabei de acordar.
Banho. Roupa. Café. Maquilhagem. Café outra vez. Onde deixei a pasta? As chaves de casa estão na mala? Merda, não tenho tabaco.
Saio de casa e o nevoeiro cobre Lisboa. Que dia fantástico para sair de casa de madrugada.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Caso fosse homem

Acordo e olho o caos à minha volta. Tudo está confuso. Não encontro nada. Que raiva. Quero voltar para a cama. Caso fosse homem e os tempos não fossem estes seria executada. Não sendo homem e estando em tempos destes sou apenas mais uma mulher a tentar impor-se num mundo de homens. 
Fala-se em igualdade mas não acredito nela. Aos olhos da geração anterior sou arrogante porque trabalho sem hora de fim e porque lido com o poder como quem está entre iguais: sem medo. Luto mais que um homem teria que lutar, esforço-me mais. Mas sou mulher, sou um bicho esquisito que antigamente era tratada como demente uma vez por mês. Aparentemente não tenho direito de lutar e deixar a arrumação para trás, não tenho o direito de crescer lá fora, porque o SUPOSTO é que seja uma fada do lar. 
Queimo sempre os tachos, deixo a comida apodrecer, nunca me lembro de por a roupa a lavar. 
Olho para o meu ninho caótico e só tenho duas opções. E nenhuma delas me agrada. 

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Nascer do sol

São 8:25 e o sol nasce para mim. Um luz imensa e doce escorre pelas paredes do escritório e beija-me a face. Bom dia. O sol faz-me começar. A luz acelera-me a eficiência. 
Sinto a doçura de saber que a primavera está a chegar e que dias se vão estendendo e sinto uma alegria imensa. Se calhar, bem feitas as contas, ainda há esperança.
Devo viver um dia de cada vez com todos os sentimentos guardados e a valorizarem dentro de mim mas não posso desistir. Não agora. 

Esvaziamento

Esvaziamento. Parte de mim escorre para fora da minha alma e eu fico manca. O tempo esgota-se e sei que a situação vai piorar. Sei que vou bater no fundo. Há uma solidão que me persegue como uma sombra. Acompanha-me. Não me deixa em paz. Hei-de senti-la por fim integrar-se em mim e consumir-me. Apenas quero adiar o momento e o sofrimento, não gosto de sofrimentos graduais, prefiro sofrer tudo de uma vez. Não gosto de antever o que vem,  prefiro reagir no momento.
O único problema são aqueles momentos em que a sombra me toca e eu sinto o vazio: como uma caverna pegajosa e fria, desconfortável e dolorosa. 
Quando antevejo o amanhã sinto-o assim. 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Vapor

Deitei-me numa banheira de água a ferver. Senti a alma a sair do corpo e todos os músculos a deixarem de lutar. Cedi. Os vasos sanguíneos dilataram-se de calor, água e do vinho que escorregava pela minha garganta sequiosa. O vapor envolvia cada traço do meu corpo e a água parecia atribuir à minha pele uma tonalidade ainda mais branca. Senti o cabelo a flutuar no silêncio da água: a ausência de som descansa-me o cérebro. 
Brinquei com bolhas de sabão como se tivesse cinco anos e ouvi 7 vezes o relógio dos vizinhos dar badaladas. 
Não queria abandonar aquele abandono nunca. Nada me doía. Nada magoava. 
Só a liberdade de um corpo nu numa banheira cheia e um copo carregado de álcool a toldar-me o cérebro.  Todos os meus dias deveriam ter este fim. 

( Mas não ia ganhar para a água e gás.) 

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Hoje

Acordei hoje mais cedo que o previsto. Acordei porque ansiava pelo meu dia. 
Queria sentir-me assim todos os dias. Sinto um poder imenso a inundar-me e visto-me a rigor. Hoje sinto-me segura apesar das intempéries. Quero abraçar o dia e fazer cada minuto desdobrar-se em outros tantos. Hoje vou ouvir apenas aquilo que me faz bem e me faz feliz. Hoje vou ser feliz. 


(Tendencialmente quando decido que vou ser feliz em algum dia tende a ser um dia mau....não faz mal, é o que sinto )

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Equilíbrio

Saio pela manhã e temo o frio anunciado nos Media. Enrolo-me em lã que se cola aos lábios por causa do baton do cieiro. Não quero ficar com os lábios mais cortados do frio. 
Chego à marginal e a luz irrita-me os olhos: ainda estou demasiado cansada. Caminho a sentir aquele cheiro que todos odeiam a entranhar-se no cérebro e inundar-me os sentidos dando-me uma sensação de conforto que remonta à infância. Chamam-lhe cacimba, outros peixe podre outros dizem que é dos esgotos. Quanto a mim, prefiro sentir o cheiro como a antiguidade dos rios e dos oceanos: é um cheiro que cheira a história. 

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

No limite

Um dia quiseram convencer-me que uma pessoa chega a um ponto de cansaço e que desliga. É mentira: posso chegar ao limite do cansaço que entro automaticamente em piloto automático. 
Foi-se a agilidade do raciocínio. Foi-se a criatividade. Foi-se a energia. Fui-me.
O único problema é que é preciso continuar, o relógio continua a andar, o tempo continua a passar e quanto mais perto, mais longe... 
Valem os bravos que partilham comigo a viajem e que sofrem comigo pelos trilhos enlameados, as horas esfomeados e as noites em que não há início nem fim. 




*Vejo uma escrita estática e desinteressante... a criatividade adormeceu há dois dias atrás quando o lado esquerdo tomou conta da gestão do meu organismo. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Certo ou errado

Dizem-me " é errado". Pergunto então o que está certo e falam-me de valores religiosos. Pergunto pela génese do discurso antes da religião e a resposta é "eram selvagens". Presumo que devo deduzir que a civilização veio com a religião.
Contínuo e chego à conclusão que estou num estado muito primário do desenvolvimento humano. Aparentemente sou selvagem e pré-histórica porque escolho não ceder aos mesmos valores do resto do mundo. O caminho agora é por onde me apetecer.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Revolta

Acordo. Vejo os e-mails. Sei que tenho que perder esta mania de ver e-mails ainda na cama. É mais forte que eu. Espero sempre boas notícias....hoje não foi o caso.
Dói olhar para as nossas obras de arte e vê-las perecer moribundas por falta de financiamento. Lutar tanto, dormir tão pouco. Embrenhar-me numa inconstância permanente. Ter ciclos de vida dissociados do resto mundo. Fazer demais, e depois o nada. 
Queria saber porque tenho que sentir o mundo de uma forma tão séria. Sinto as lágrimas a estragar o que poucas horas de sono conseguiram recuperar. Revolta-me. Revolta-me a alma e as entranhas. Não me apetece sequer o pequeno almoço. 
Entro num ciclo de auto destruição porque assim os meus actos acompanham o meu espírito. Não é correcto: fazê-lo faz parte deste ciclo auto-destrutivo onde não quero saber. Fuck it. 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Que sociedade é esta

Saio de casa e o sol inunda-me como uma droga. Oiço o meu lado esquerdo dizer "concentra-te, tens algo importante a fazer. Sê fria, sê racional e treina-te para o que vais fazer agora. Ensaia mentalmente."
Desta vez escolho não o ouvir, mas escolho só agora.
Vesti-me a rigor, o mais formal possível e a tentar passar o máximo de confiança. Decidi o que fazer num rasgo de loucura, preparei-me com a maior racionalidade possível e saio de casa com vontade de sair da casca e ser eu própria.
Que sociedade é esta em que para que alguém confie em mim tenho que tirar o melhor fato do armário, andar em cima de saltos que me magoam os pés e parecer uma boneca saída de uma revista?
E o pior e que faço tanto parte dela que cedo e me deixo enganar.