sábado, 3 de novembro de 2018

Je ne sais quoi

Na tua presença tridimensional soltou-se dos meus lábios um "oh meu Deus".
Olhei-te, e todos os pontos da lista fizeram check.
"Quero-te", decidi no momento em que te levantavas da mesa para me cumprimentar pela primeira vez.
Senti o teu cheiro fazer-me vacilar enquanto uma consternação fingida me trazia de volta ao controlo.
Eu sabia. Nem senti o sabor da comida.
Queria ficar. Tinha que partir.
Já na tua ausência os níveis de distração tornaram-se incomportáveis... difícil ser produtiva quando um jogo está a meio.
"Damn it" e por mais de ti enfrento o pavor de conduzir pelas ruas estreitas de calçada.
Pelo caminho imaginei-nos sentados nos sofás e o jogo a passar ao nível físico facilitado pela proximidade de dois corpos lado a lado.
Mas o teu posicionamente no espaço levou-te a uma mesa de esplanada com um metro entre nós.
Debaixo da mesa sentia as pernas a tremer e o peito acelerar cada vez que te olhava nos olhos.
Muito do que disseste não ouvi... estava muito além daquele momento perdida numa realidade paralela e imaginária...
... sentia as tuas mãos a tocarem-me. Sentia-te tremer da adrenalina e a sossegares perdido no nosso beijo que se tornava mais intenso a cada segundo que passava. Senti os teus dedos a tocarem o meu pescoço e descerem pelas minhas costas... senti-te a pressionar carne contra carne numa fome que de fisiológica se torna inexplicavelmente carnal. 
Sinto os teus olhos a desviarem-se dos meus enquanto falamos... não aguentas a intensidade do meu olhar... e quando desvias a cabeça para não olhar...
... vejo o teu pescoço ficar à minha mercê e muito lentamente pouso os meus lábios nele. Um arrepio percorre-te a espinha numa alucinação anunciada. 
De Baudelaire a Tolkien, de neuroprogramação a declamação, em nenhum momento estava suficientemente perto de ti. O desejo era evidente e era mútuo...
... adoro os teus ombros... a estatura que te dão, a perfeição de um nadador. Sinto-me pequenina no meio dos teus braços enquanto as tuas mão exploram as curvas das minhas ancas e cada centímetro de pele se arrepia à tua passagem. 
Num confessionário de fascinação vejo as tuas covinhas a surgir no teu rosto e os teus olhos a brilhar...
... beijas-me o pescoço e desces ao peito que agarras suavemente fazendo o meus mamilos retesarem-se e pedirem pelos teus lábios. Sinto o calor e a humidade da tua boca e o deleite de te perderes num vale de opolência entre os meus seios.
Vejo-te corar quando me ouves a ler e lembro-me desse rubor de uma qualquer foto depois do banho...   
...e numa aceleração de dois seres dominados pelo desejo, o sangue foge do cérebro para matar o desejo e sem qualquer calma o descontrolo traz-te para dentro de mim.
Mordo os lábios a bloquear a imaginação. "Não faças isso..." e nem sabes o que estás a pedir.
Em ti um je ne sais quois que me deixou desconcertada.