domingo, 27 de novembro de 2016

Potencial

Tens potencial de criar estragos em mim.
De me deixares perdida, de me fazeres sentir consumida por emoções tão violentas quanto pacificadoras.
Tens em ti a sapiência que me excita e na personalidade o equilíbrio a mascarar feridas antigas e profundas. Tens medos e receios que, admitindo, te fazem humano. 
A sensibilidade nas pequenas coisas e a força nas grandes. A ambição e a determinação são das mais fascinantes que conheço.
Olho para o tipo de aparência que me fascina... imagino-te no abstracto dos meus lábios e dos meus braços. 
Vejo em ti a paz que preciso nas horas calmas. Adivinho aquele copo de vinho, o piano a tocar no fundo e a tranquilidade com que sempre sonhei a invadirem o meu mundo. 
Tens potencial de me levar à desgraça... 
Perder-me em ti por quanto as nossas conversas não têm fim enquanto as horas têm. 
Fecho os olhos e sorrio com a envolvência de um charme num trono de espadas. 
Felino, ousas disputar a minha posição. Consistente, desarmas-me constantemente. 
No peito o coração dispara de irritação e bloqueio mas o sentimento que permanece é rejuvenescedor. 
Há algo que parecem segredos a circular no nosso espaço: contei-te coisas escondidas. Percebeste o que ninguém tinha percebido. 
Sim, somos demasiado parecidos. Sim, gostamos demasiado de nós próprios.
Não quero ver-te mais... quero passar mais tempo contigo. 
Quero aqueles momentos raros e fugazes em que entro em modo de controlo descontrolo: quero agarrar-te, apertar-te em mim e deixar que tu e eu nos afundemos no paraíso. 
Fico tola, pareço mentalmente diminuída... e o pior é divertir-me com isso.
Sinto-me a cegar. Mas vale-me a distância constante para que os meus olhos não se fechem: continuo a ver-me ao espelho e sei que não chego. 
Tens potencial para me arrebatar a alma mas continuarei a resistir a que o faças. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Episódios de um coração em coma

Episódio 1

Feita de ferro.
Coração numa sala de hospital em coma.
Cérebro como guardião armado até aos dentes.
Desafiado pela honestidade e pela tua crueldade o cérebro desembainhou as espadas e entrou em estado de alerta máximo. Mandou chamar a memória e todo o departamento de emotional analytics. Armou-se uma barreira com todos os sentimentos protectores a darem o corpo ao manifesto.
O coração, fechado no seu quarto e paralisado começou a estremecer.
O cérebro entra em pânico: "Que está a acontecer? Chamem os médicos!"
E todo o departamento racional vem a correr em direção a ele e depois de muito examinar determina:
"Os sinais não são conclusivos e não sabemos que possa estar a acontecer... Provavelmente começou apenas a sonhar..."
O cérebro desconfiou... Armou-se ainda mais e foi criando pequenos soldados chamados lógica.
Todos quietos. Todos em espera.
Cá dentro o cérebro não sabe o que fazer e o coração começa a ter... espasmos?
"Que está a acontecer?" Grita o cérebro em confusão absoluta. À sua volta inicia-se uma amnésia colectiva no corpo de soldados e começa a confusão com todos a esbarrarem uns nos outros e a colidirem contra as paredes.
"Parem! Que estão a fazer? Que vírus apanharam vocês? Estão todos malucos?"
O cérebro foge e fecha-se com o coração dentro do quarto.
Vê que tenuamente e ainda de olhos fechados o coração parece ter começado a respirar...
"Será?"

sábado, 12 de novembro de 2016

palavra (original)


(Banda sonora)

Queria poder ouvir a tua voz no meu ouvido... 
Essa voz profunda e que me causa arrepios. 
Não entendo a tua matéria prima. 
Não compreendo os sentimentos que me assolam.
Juro não cair aos teus pés mas cairia de bom grado... 
A minha palavra perde o valor quando o que quero e o que digo não se articulam.
São pequenos momentos controlados sem consequência mas uma vontade inédita de te ter em jogo... quero-te... mas este espaço que existe entre mim e ti é ainda mais apaixonante. O elástico que te afasta e te puxa é algo de maravilhoso. 
A minha estupidez é constante e perto de ti sinto-me tola... básica. Uma incapacidade permanente de te seduzir usando o meu maior trunfo. 
És uma espécie que desconheço, que me desarma, que me desnuda, que puxa pela minha existência mais pura, mais genuína. 
Olho o meu quadro branco todos os dias e inunda-me o riso que contigo é uma constante. Adoro as pequenas rugas que se formam no canto dos meus lábios quando sou simplesmente eu nos parcos momentos que partilhamos.  
Sinto uma curiosidade imensa no que és e uma necessidade de conhecer cada recanto da tua mente desconstruindo-te. Almejo o teu pouco tempo porque no nosso metro quadrado há uma mistura de paz e excitação onde me apercebo que há demasiadas coisas que quero fazer contigo. 
Mas deixo-me quedar... a proximidade ao sonho é demasiada. 


(A ti que ainda não existes na minha vida...)

Partner in crime

Há uma semelhança. Há tudo por construir.
Nos dedos que deslizam pelas teclas, no filme que passa na televisão e do qual desconheço o nome, na absorção de um mundo que facilmente se tornou só nosso. 
Tomaste-me o tempo e ganhaste cada minuto com o anterior... 
Ficou em mim uma sensação de insaciabilidade inexplicável enquanto despoletas em mim uma curiosidade desconhecida. 
Percebes-me. Aguentas-me. Toleras-me. 
Não me mandas embora quando te magoo para saber como reages. 
Passas cada desafio, cada teste com excelência. 
Consegues exigir de mim mais que o normal e adoro cada momento em que me fazes sorrir. É demasiado fácil falar contigo...
A minha ambição parece ter encontrado par e a garra um aliado. Somos feitos da mesma matéria, daquela que tudo aguenta e nunca se satisfaz.. tornar-te-às facilmente my "partner in crime". 
Perturba-me a tua existência e a incógnita que toda esta história nos traz... Anseio o momento de ver que existes mas temo profundamente perder o quase nada que possuímos. 
Tenho medo de te encontrar e perceber que te encontrei.


quarta-feira, 9 de novembro de 2016

Palavra


(Banda sonora)

Queria poder ouvir a tua voz no meu ouvido... 
Essa voz profunda e que me causa arrepios. 
Não entendo a tua matéria prima. 
Não compreendo os sentimentos que me assolam.
Juro não cair aos teus pés mas cairia de bom grado... 
A minha palavra perde o valor quando o que quero e o que digo não se articulam.
São pequenos momentos controlados sem consequência mas uma vontade inédita de te ter em jogo... quero-te... mas este espaço que existe entre mim e ti é ainda mais apaixonante. O elástico que te afasta e te puxa é algo de maravilhoso. 
A minha estupidez é constante e perto de ti sinto-me tola... básica. Uma incapacidade permanente de te seduzir usando o meu maior trunfo. 
És uma espécie que desconheço, que me desarma, que me desnuda, que puxa pela minha existência mais pura, mais genuína. 
Olho o meu quadro branco todos os dias e inunda-me o riso que contigo é uma constante. Adoro as pequenas rugas que se formam no canto dos meus lábios quando sou simplesmente eu nos parcos momentos que partilhamos.  
Sinto uma curiosidade imensa no que és e uma necessidade de conhecer cada recanto da tua mente desconstruindo-te. Almejo o teu pouco tempo porque no nosso metro quadrado há uma mistura de paz e excitação onde me apercebo que há demasiadas coisas que quero fazer contigo. 
Mas deixo-me quedar... a proximidade ao sonho é demasiada.