quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Decrépita

O mundo parece estranho quando a vida entra em stand-by. 
É uma sensação estranha como se o tempo parasse e tudo à nossa volta estagnasse... 
O início: curiosidade. 
O desenrolar: desespero. 
O que fazer quando parece que a vida cobra tudo de uma vez? 
Quando as coisas que nos mantêm presos ao chão desaparecem, como se a gravidade se esfumasse.
Os sonhos são voláteis. A vida é um momento. 
Arrancaram-me o chão, as paredes e o tecto. 
Não sobrou nada. 
Fecho os olhos e volto atrás no tempo. 
Volto àquele momento, àquele momento exacto em que tudo fazia sentido. 
Pairam sobre mim as sombras da inexistência. 
Paira sobre mim o vazio e nele o vácuo.
Os músculos faciais parecem estar atraídos pelo centro da terra. Pareço constantemente triste.
Arrancaram-me vida. 
Arrancaram-me sonhos. 
Mas a verdade é que ninguém mos tirou. 
A verdade é que me de deixei levar por mim própria.
A vida esbofeteou-me. 
Não foi só uma vez. Foram várias. Uma e outra vez. Sim, sim, sim....
Mereço? Não faço ideia, se calhar sim. 
Mas dói, porra, dói. 
Abdiquei do mais puro dos sons para o infinito. 
Infligi só um pouco mais de dor em mim própria. 
Chega a um ponto em que parece que mereço. 
Quero voltar a ser eu.
E hoje pareço uma versão decrépita de mim própria.

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