terça-feira, 2 de junho de 2015

Camaleão

Não sabia o que lhe chamar. 
Chamo-lhe coragem.
Coragem por ausência do medo. É isso. 
O medo desapareceu.
Digo às pessoas que cresci. Mas é mentira.
A verdade é que evoluí.
Crescer implica maturidade e quanto a essa deixo-a na discricionariedade. 
Porquê ser adulta quando não preciso. 
Só preciso de convencer os outros de que o sou. 
Convencer os outros... nada mais que isto. Não é o que fazemos todos os dias? 
Obecedecer a pressupostos sociais e esperar que não vejam que existimos.
"É preciso  coragem para vestir um determinado vestido".
É preciso coragem para nos infiltrarmos na multidão e os fazermos acreditar que somos um deles. 
É preciso coragem  para nos ambientarmos, adaptarmos, camuflarmos e minarmos os ecossistemas a partir dos neurónios. 
Enalteço-me com a brincadeira que é estar num mundo cinzento e só com infra-vermelhos ser perceptível o cintilar da minha existência. 

Eu não cresci. Evoluí. 
Evoluí para um ser complexo com capacidade para fazer relações e co-relações onde elas não existem, de gerar posturas de adaptação, de saber quando ser criança e quando ser idosa. 
Sinto poder e magia porque tomei consciência. 
Apercebi-me que sou uma versão optimizada de mim mesma, que sou muito diferente do que esperava ser mas 10 vezes melhor. Porque não sou perfeita. Porque me sinto confortável na minha imperfeição. 
"No strings". Todas as coisas que desejei ter não as tive. Mas tive melhor. 
Consegui mais porque olhei em volta e não apenas para onde me apontavam. 
Os outros cresceram, eu não. Recuso-me a crescer. 
Evoluí. 
E na evolução percebi a beleza da divergência.  

(T. aqui tens a minha opinião sobre crescer)





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