quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Elevador

Odeio elevadores.
Pequenos espaços claustrofóbicos. 
Selados. Perigosos.
Sítios que provocam delírios na minha imaginação tresloucada.
Pequenas prisões que me dão calafrios de medo e excitação. 
Não querer querendo fugir. Dar ao meu lado direito mil razões para sonhar e ao meu lado esquerdo um milhão de preocupações.
(Há um botão que não foi carregado mas ainda assim a porta fechou-se.)
Sentir-me encurralada em algo tão decadente quanto o desejo mais puro. Sentimentos primários, básicos, originais do ser humano. Ser pré-histórica porque a inovação me traz a privacidade e escondida dos olhos do mundo não existo e posso despir da alma todas as contingências da história.
Neste elevador não existem cicatrizes, nem alma, nem coração, nem sentimentos. Sensações apenas que me provocam arrepios ilimitados na pele do meu corpo e uma euforia que me deixa mazelas nos lábios sedentos. Ser animal. Ser fera. 
Ser o que me está na génese e não no pacto com a sociedade. 
Sentir-te finalmente. O meu corpo enrolado no teu e uma força magnética a querer mandar em nós.  
Um elevador abre as portas. A percepção da loucura atenua-se. O corpo pede por mais.

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