terça-feira, 20 de agosto de 2013

Sonho

Oiço-me dizer o teu nome... Adorava poder dizê-lo vezes sem conta. Repeti-lo até o desgastar e apoderar-me dele tornando-o só meu. 
Sei que me sentiria pequenina enroscada nos teus braços e no teu corpo gigante e simultaneamente descobriria o sossego e o aconchego que tanto preciso. Sentir-me-ia segura, nunca tendo sabido o que isso significa.
Imagino-te. Far-me-ias quebrar. 
Alma de poeta, tão frágil e trágica quanto a minha que perde horas enviando mensagens aos dedos que criam palavras enleadas umas nas outras. Sentidos escondidos talvez....
A música, uma sensibilidade que nos une, quando mesmo sem sabermos são as mesmas notas que nos fazem vibrar o coração.
O mar é uma paixão voraz. As viagens, o sonho que partilhamos.
A felicidade tem o mesmo nome para nós. Existe exactamente nos mesmos lugares.
País atrás de país vamos vivendo a aventura de conhecer novas culturas, adquirir sabedoria e partilharmos um com outro cada por do sol. Somos cúmplices, somos amantes. Experimentamos cada sensação nova e falamos dela até ao amanhecer. Não existem barreiras, medos, limitações: enquanto estiveres aqui tudo para mim fará sentido...
As janelas de uma pequena casa branca por onde o cheiro do mar entra todos os dias. A serenidade do azul e o som delicioso das ondas.  Leonard Cohen ouve-se pela casa enquanto folhas de papel escrevinhadas dormem em cima de um piano. O saxofone está encostado à janela. Na estante multiplicam-se os clássicos. Num pequeno canto intercalam-se os nossos próprios livros. O gato dorme tranquilo no sofá.
Um pequeno relvado estende-se até à areia onde o cão corre livre e feliz e onde um dia irá habitar um parque para as crianças brincarem. Hei-de ouvir o riso estridente de felicidade deles ao serem amados  como ninguém. 
Um barco ancorado à nossa espera. E nele deslizamos sobre a espuma das ondas e naquele lugar verdadeiramente calmo, embalados pela doce ondulação, deito-me no teu peito e deixo que os teus dedos me mimem as madeixas de cabelo cor de areia enquanto o sol arrebita as sardas empoleiradas no meu nariz. As nossas mãos brincam uma na outra e os nossos lábios repletos de sal amam-se na tranquilidade de não existir mais nada. 
E neste sossego abençoado, pode ser que a esperança de um coração renascer exista e que na nossa curiosidade pelo mundo, o nosso mundo seja apenas um.



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